A Base da Formação da Imagem Radiográfica
Na Radiologia Médica, a produção e interpretação das imagens dependem diretamente da interação dos Raios-X com a matéria, em especial com os tecidos do corpo humano. Dentre os diversos tipos de interações possíveis, dois fenômenos se destacam por sua relevância na formação da imagem: o efeito fotoelétrico e o efeito Compton.
1. Efeito Fotoelétrico
O efeito fotoelétrico ocorre quando um fóton de raio-X colide com um elétron de uma camada interna do átomo (geralmente a camada K) e transfere toda a sua energia para este elétron, ejetando-o do átomo. Nesse processo:
✓ O fóton de raio-X desaparece.
✓ O elétron ejetado é chamado de elétron fotoelétrico.
✓ O átomo fica ionizado e tende a se estabilizar liberando radiação secundária (radiação característica).
Na radiologia, o efeito fotoelétrico é fundamental para o contraste da imagem, pois ocorre preferencialmente em tecidos de maior número atômico (como os ossos, ricos em cálcio). Assim, áreas mais densas absorvem mais fótons e aparecem mais claras na radiografia.
Este efeito é mais provável com fótons de baixa energia (kVp mais baixo) e é predominante em exames onde o contraste anatômico é essencial, como radiografias de extremidades e mamografias.
2. Efeito Compton
O efeito Compton acontece quando um fóton de raio-X interage com um elétron de uma camada mais externa do átomo, transferindo parte da sua energia. O fóton não desaparece, mas muda de direção e perde energia, originando um fóton espalhado (radiação secundária de espalhamento) - O elétron que recebe energia é ejetado, chamado de elétron de recuo.
Na radiologia, o efeito Compton é responsável pelo espalhamento da radiação, o que pode prejudicar a qualidade da imagem e aumentar a dose desnecessária ao paciente e à equipe.
Este efeito ocorre com mais frequência em tecidos de baixo número atômico (como músculos e gordura) e com fótons de maior energia (kVp mais alto).
3. A Relação entre os Dois Efeitos na Formação da Imagem
Na prática radiológica:
✓ O efeito fotoelétrico contribui positivamente para o contraste e a nitidez da imagem.
✓ O efeito Compton é indesejado, pois gera radiação espalhada, diminuindo a qualidade da imagem e aumentando a exposição desnecessária.
Por isso, o radiologista e o técnico/ tecnólogo em radiologia buscam equilibrar o kVp:
Se muito baixo → predomina o efeito fotoelétrico, mas aumenta a dose ao paciente.
Se muito alto → predomina o efeito Compton, piorando o contraste e aumentando o espalhamento.
O uso de grades antidifusoras, colimação adequada e proteção radiológica são estratégias importantes para minimizar o impacto negativo do espalhamento.
Conclusão
Entender o efeito fotoelétrico e o efeito Compton é essencial para compreender como se formam as imagens radiográficas e como otimizar os parâmetros técnicos para obter o melhor equilíbrio entre qualidade de imagem e segurança radiológica.
Enquanto o fotoelétrico é nosso aliado para criar contraste e detalhe, o Compton exige atenção para que seu impacto seja controlado.